Profissionalização e Governança Corporativa
Autor: Domingos Ricca
O primeiro passo para uma boa sucessão e profissionalização é a governança corporativa e aqui apresentamos os conceitos e o processo como um todo para que o leitor possa ter uma visão geral de onde deve-se iniciar o processo.
O que é Governança Corporativa?
É o sistema pelo qual as sociedades são dirigidas e monitoradas, envolvendo o trato entre Acionistas/Cotistas, Conselho de Administração, Diretoria Organizacional. As ações são desenvolvidas por meio de um conjunto de práticas, disciplinas e instrumentos que regulam as relações acima descritas.
A governança corporativa compreende os relacionamentos e correspondentes responsabilidades de sócios, conselheiros e executivos, definidos da melhor maneira, de modo a encorajar as empresas a terem o desempenho econômico como objetivo principal. Ela é definida como valor, apesar de, por si só, não criá-lo. Isto somente ocorre quando ao lado de uma boa governança temos também um negócio de qualidade, lucrativo e bem administrado. Neste caso, a boa governança permitirá uma gestão ainda melhor, em benefício de todos os sócios e daqueles que lidam com a empresa.
As boas práticas de Governança Corporativa têm a finalidade de aumentar o valor da sociedade, facilitar seu acesso ao capital e contribuir para a sua perpetuação.
Empresas em geral, incluindo as familiares, devem ser administradas por quem entende de gestão. Um negócio de qualidade, lucrativo e bem gerido, encontra-se relacionado à boa governança.
Assim, Governança Corporativa é o conjunto de mecanismos adotados com o objetivo de assegurar que os gestores alocarão os recursos de forma a atender os interesses dos sócios, ou seja, um conjunto de ações administrativas mais justas e com maior transparência.
Com esta providência, qualquer desvio de conduta por parte dos componentes da empresa, deve ser considerado como infração, podendo gerar penalidades, de acordo com a gravidade do ato.
Considerando que a Governança Corporativa é um sistema de regras de natureza procedimental, de cunho ético e moral, sua efetivação dependerá da adesão de todos aqueles que atuam na empresa, às normas comportamentais e funcionais estabelecidas.
A administração das empresas tem sido largamente estudada ao longo dos anos, na busca constante de um modelo de gestão que permita alcançar um desempenho capaz de atender aos mais variados interesses: dos sócios à sociedade, dos empregados e executivos aos investidores e bancos credores.
A preocupação com a transparência das informações, bem como com a responsabilidade dos executivos, tem sido motivo de preocupação e crescente interesse por parte dos investidores e do mercado em geral.
Neste ambiente competitivo, o Conselho de Administração assume grande relevância no desenvolvimento da gestão corporativa. Sua formação e estrutura podem ter o papel decisivo na sobrevivência da empresa, na conquista de novos mercados e nos direcionamentos estratégicos das organizações.
A estruturação de um Programa de Governança Corporativa permite a implantação de uma ferramenta importante no processo de profissionalização das empresas familiares. Em virtude da crise mundial que se abateu nos mercados, e consequentemente nas organizações de uma forma geral, tornou-se fundamental para as corporações de natureza familiar desenvolver mecanismos que minimizem riscos e ajudem a estabelecer os direcionamentos estratégicos. Isso pode ser feito por meio de alguns posicionamentos que a família deve adotar frente a seus negócios, a saber:
- Metas e Objetivos de Longo Prazo;
- Definição dos papéis do Conselho de Administração e dos Conselheiros;
- Estabelecimento do papel do gestor corporativo, além da descrição exata de suas funções, de maneira a nortear sua conduta e permitir a obtenção de resultados efetivos.
A família deve adotar princípios que tenham como base o bloqueio de ingerências familiares que possam acelerar a mortalidade organizacional.
Empresas com boas práticas de governança tendem a ser beneficiadas com o fluxo favorável de recursos disponibilizados por investidores em geral, uma vez que oferecem mecanismos de controle do gerenciamento que permitem uma maior tranqüilidade do investidor na busca do retorno para seus investimentos.
Só haverá eficácia no processo sucessório e na condução dos negócios de família, se houver profissionalização por meio das ações de transparência e Governança Corporativa, respaldados pelas ações e pelo carisma do fundador. Como o carisma não pode ser transferido, as regras que nortearão a condução dos negócios precisam ser claras e bem definidas, de maneira a perpetuar o sonho do fundador.
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